sábado, outubro 14, 2006

A Igreja

Venho aqui fazer a defesa da Igreja que, penso, tem sido vítima de algumas injustiças. Mas, não quero também aqui dizer que a Igreja não tem defeitos, pois certamente que os tem. Uma das injustiças prende-se com a redução da doutrina da Igreja a dois ou três aspectos que, analisando a mesma doutrina, assumem um papel secundário. Um deles é a oposição da Igreja à homossexualidade. É certo que a Igreja se opõe à homossexualidade, mas defende em primeiro lugar a tolerância; um bom exemplo desta tolerância é o episódio da mulher adúltera: Jesus, apesar da religião opor-se à promiscuidade, defende a prostituta e afirma: "Quem nunca pecou que atire a primeira pedra". Noutras ocasiões Jesus defende também que não se deve julgar, antes compreender e ele próprio relaciona-se com Maria Madalena, rejeitada por outros por ser prostituta. Aplicando ao caso da homossexualidade, pode concluir-se que a Igreja opõe-se à homossexualidade mas preza ainda mais a tolerância, inclusivamente para quem tem este tipo de orientação. Pois a violência e a rejeição incompreensiva não resolvem o problema, nem apontam soluções, mas a tolerância e o afecto dão tranquilidade às pessoas e ajudam-nas a pensar e a agir melhor. Ainda em relação à Igreja, a sua doutrina é vasta e o próprio Papa faz inúmeras homilías ao longo do seu papado, versando sob os mais variados temas, e existem também inúmeras posições oficiais da Igreja sobre os mais variados temas, mas por vezes as únicas de que se fala são as que versam precisamente sobre a homossexualidade, o aborto, o preservativo. Ora estes temas são menores na religião, ainda que assumam relevância na actualidade; a Bíblia, que é a principal fonte de inspiração da doutrina católica, não refere muitas vezes a questão da homossexualidade, à parte um ou outro episódio, e incide muito mais sobre outros temas, como o amor, a tolerância, a caridade, a liberdade de espírito, a fidelidade, a oposição à vaidade, o altruísmo...E considero também injusto que, mostrando-se aquilo que pode levar as pessoas a pensar que a Igreja é conservadora e retrógrada e que ajuda as pessoas a ter uma imagem negativa da Igreja, não se mostre também a obra social da Igreja: as missões em África, os orfanatos, etc.. Por fim, também acho injusto que um escritor faça um livro de ficção sobre a Igreja e tente fazer passá-lo por realidade; porque uma coisa é fazer ficção e assumi-lo, outra é inventar factos que denigrem um conjunto de pessoas e instituições e fazê-los passar por verdadeiros, ganhando milhões à custa de mentiras, isto independentemente do livro estar bem escrito, o que provavelmente é o caso.

1 Comments:

At 5:59 da tarde, Blogger Peter Michael said...

Eu concordo contigo quando dizes que na Biblia o amor, o afecto, a tolerância são pontos fundamentais, e constituem uma parte maioritária do seu "objectivo". E Deve ser nestes pontos que a igreja deve incidir. E, enquanto hoje esses pontos sejam cada vez mais trabalhados e defendidos, também é certo que antigamente a homossexualidade, por exemplo, era moralmente condenada. Também não está certo culpabilizar uma instituição por erros cometidos no passado, até porque as entidades que a representam não são as mesmas, mas é certo que a sociedade que temos hoje assenta sobre uma sociedade católica e muita da maneira de lidar com as diferenças, muitos preconceitos têm também base nessa sociedade. Também é certo que tem havido uma evolução no sentido de tolerar certas diferenças na maneira de ser, sentir, pensar. Por isto deve-se louvar a instituição pelo que ela é hoje, e pelos esforços que tem feito na tentativa de compreender essas diferenças. Muita gente que não é católica não se dá a esse trabalho, e são essas pessoas que na minha opinião, se for inevitável apontar um dedo, devem ser apontadas. Eu não sou católico, nem crente de qualquer maneira, mas acredito que as pessoas devem poder ser livres para serem felizes da maneira que puderem, desde que com isso não afectem negativamente os outros.

 

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