sábado, setembro 16, 2006

Amor

Neste post é minha intenção falar de certo tipo de amor e relações amorosas. Não só do amor idealizado dos filmes e livros. Estes retratam frequentemente o grande amor com que muitas vezes sonhamos e que normalmente, variando um pouco de pessoa para pessoa, tem determinadas características, a saber: sensibilidade, humor, compreensão, amizade, afectividade. Não quero dizer que estas são más qualidades, mas não raramente são apresentadas de maneira um pouco simplista e penso que, hoje em dia, toda a gente tem alguma noção desse simplismo, que chega a ser motivo de troça. Ainda assim, parece-me que apesar disto, na vida concreta, muita gente procura um amor ideal, o célebre "grande amor da vida", o que aliás não desaprovo, pois defendo que o amor é algo bastante sério e que afecta muito os sentimentos das pessoas e, por isso, não deve ser encarado levianamente e devemos ser exigentes na escolha do(a) nosso(a) parceiro(a). Contudo, também considero que esta procura não deve ser feita de modo irracional ou desesperado, mas feita com paciência, sob pena de perdermos o nosso amor caso contrário. Um dos modos que considero irracional ou desesperado é aquele que consiste em namorar ou ter um caso com o maior número de mulheres possível à espera de encontrar nalguma delas um grande amor (o que não sei se é tão frequente acontecer, pois é possível que o espírito dos playboys não seja o de encontrar o grande amor); de qualquer modo e qualquer que seja a intenção de quem o faz, parece-me que este método só cria desilusão nas pessoas, devido a alguns factores: um é que as raparigas e os rapazes sérios em relação ao amor não têm por costume envolverem-se com pessoas promíscuas, logo estas nenhuma ou poucas relações hão-de ter com quem queira e saiba investir nelas, ficando sempre e cada vez mais desiludidos com as diferentes relações que vão tendo ao longo da vida e acabando por generalizar quanto às qualidades do sexo oposto ("os homens são todos iguais", "as mulheres não têm sentimentos", entre outras frases comuns); outro factor é que, habituada a determinado ambiente, a pessoa promíscua estranha ou sente como ameaça outro tipo de ambiente, no qual não se sente confortável, mesmo que melhor, ou seja, ela própria não reconhece nem sabe dar valor ao bem. Na realidade, este último factor também creio aplicar-se aos drogados, cuja dependência se deve, em parte, a não conhecerem nem a reconhecerem o que é melhor que o que têm, mesmo que insatisfeitos com o seu vício, já que aquele é o seu meio e lá que se sentem, apesar de tudo, confortáveis, sem querer afirmar que é esta a única razão do seu vício ou a mais importante. Por outro lado e voltando ao tema do amor, considero também irracional exigir do outro a perfeição, já que ninguém é perfeito e, deste modo, esse tipo de exigência só servirá para ter um desgosto, para além de não ser tão raro acontecer não saber o que se quer e, assim, englobar qualidades contraditórias e incompatíveis nessa perfeição que se idealizou. Na verdade, a partir do momento em que se assume um compromisso e fora naturais desabafos, a pessoa não deve ter muitas razões de queixa do parceiro, já que foi ela que o escolheu, a não ser casos em que possa ter sido forçada a ter relação com essa pessoa. A escolha do parceiro é um acto livre e, por isso, ainda que se encontre defeitos na outra pessoa, deve-se aprender a conviver com eles, pode-se falar sobre eles sem impôr uma mudança, mas a partir do momento em que esses defeitos se tornam insuportáveis para nós, devemos apenas ir à nossa vida, sem ressentimentos, pois no final também fomos responsáveis pela escolha que fizemos e só não sabíamos ao que íamos porque não quisemos.
Para finalizar queria fazer referência a uma frase de um rapaz que viajava à minha frente no comboio com um casal amigo e que disse, com alguma razão, que "as mulheres nunca estão contentes", a propósito da sua relação anterior, que parecia tê-lo marcado consideravelmente; acrescento que, provavelmente, os homens também não. Como já alguém disse a felicidade consiste em contentarmo-nos com o que temos, o que é um pensamento simples mas bastante verdadeiro, havendo mesmo assim coisas com as quais é difícil contentarmo-nos. Queria também fazer referência a uma frase, que achei muito bem vista, que uma amiga, a Isabel, disse hoje e que penso ter sido assim: "tudo o que é menos do que o amor da nossa vida sabe a pouco".