Conhecimento, Telepatia ou Ilusão?
“Pessoas que pensam que conhecem inteiramente outra(s) vivem uma ilusão – As pessoas são muito mais misteriosas que isso!”. Esta foi uma das muitas frases que o meu professor de Psicologia da Educação usou durante uma das suas aulas, num contexto completamente livre, e que me deixou a pensar.
Há não muito tempo eu era uma dessas pessoas que pensa que conhece completamente alguém mas verdade seja dita, sempre que isso aconteceu acabei desapontado, desiludido e portanto acabei por me aperceber que ainda não conhecia dessa pessoa tudo o que havia para conhecer!
Isto é uma realidade que vejo também muito à minha volta. Frases como “Conheço-o desde sempre” ou “ Não temos segredos para o outro” são frases que, embora algumas vezes ditas pela ocasião, frequentemente são ditas no intuito de mostrar que quem as diz é capaz de prever sempre o que vai fazer, dizer e pensar a pessoa sobre a qual é dito. Também há aquelas situações onde muitas vezes duas pessoas dizem coisas ao mesmo tempo ou onde uma delas diz, completa e arrogantemente ciente, o que o outro está a pensar (muitas vezes frases como “Leio-te os pensamentos” surgem neste contexto). Coisas deste tipo não significam, creio, que uma pessoa deixa de poder gerar mistério ou surpreender a outra mas sim que um certo tempo, muito provavelmente longo, de convivência leva a que pessoas entendam determinados padrões que outras pessoas cumpram. Mas muitas vezes estas “telepatias” ocorrem em determinado contexto, um curto período no dia de uma pessoa. E fora desse período? Por exemplo quando dois colegas de escola passam o período de aulas juntos é muito natural que nesse ambiente se venham a conhecer bem mas quando se encontram em casa, num ambiente familiar e completamente diferente do anterior, estas vertentes extra-sensoriais já não se revelam com tanta frequência, se sequer se manifestarem.
Outra frase que o dito professor referiu numa aula foi “Na maior parte dos casos as relações de amizade ou amor terminam quando duas pessoas deixam de constituir qualquer mistério, tornando-se completamente transparentes.” Eu concordo plenamente, não tivesse eu presenciado estes casos. Não querendo cometer o risco de parecer que me estou a contradizer ao achar agora que duas pessoas se possam conhecer por completo, o que quero dizer é que se duas pessoas chegam ao ponto de querer que isso aconteça, e explorarem demasiado a faceta que o prolongado convívio permite criar muito certamente essa insistência, geralmente abusiva, acaba por corroer a relação. Insistência, essa que pode dar-se a conhecer por uma exigência de conhecimento ou informação que uma pessoa pode pensar ter por direito mas não o ter de forma alguma.
Concluo com uma observação: Duas pessoas podem, e devem, relacionar-se, conhecer-se, dar-se uma à outra mas com o cuidado de nunca perder de vista que são duas pessoas distintas e que toda a gente tem o seu direito à individualidade. E às pessoas que geralmente cedem primeiro, falem, conversem, explorem a situação de forma a resolver questões que possam surgir antes de desistir pelo cansaço.
Há não muito tempo eu era uma dessas pessoas que pensa que conhece completamente alguém mas verdade seja dita, sempre que isso aconteceu acabei desapontado, desiludido e portanto acabei por me aperceber que ainda não conhecia dessa pessoa tudo o que havia para conhecer!
Isto é uma realidade que vejo também muito à minha volta. Frases como “Conheço-o desde sempre” ou “ Não temos segredos para o outro” são frases que, embora algumas vezes ditas pela ocasião, frequentemente são ditas no intuito de mostrar que quem as diz é capaz de prever sempre o que vai fazer, dizer e pensar a pessoa sobre a qual é dito. Também há aquelas situações onde muitas vezes duas pessoas dizem coisas ao mesmo tempo ou onde uma delas diz, completa e arrogantemente ciente, o que o outro está a pensar (muitas vezes frases como “Leio-te os pensamentos” surgem neste contexto). Coisas deste tipo não significam, creio, que uma pessoa deixa de poder gerar mistério ou surpreender a outra mas sim que um certo tempo, muito provavelmente longo, de convivência leva a que pessoas entendam determinados padrões que outras pessoas cumpram. Mas muitas vezes estas “telepatias” ocorrem em determinado contexto, um curto período no dia de uma pessoa. E fora desse período? Por exemplo quando dois colegas de escola passam o período de aulas juntos é muito natural que nesse ambiente se venham a conhecer bem mas quando se encontram em casa, num ambiente familiar e completamente diferente do anterior, estas vertentes extra-sensoriais já não se revelam com tanta frequência, se sequer se manifestarem.
Outra frase que o dito professor referiu numa aula foi “Na maior parte dos casos as relações de amizade ou amor terminam quando duas pessoas deixam de constituir qualquer mistério, tornando-se completamente transparentes.” Eu concordo plenamente, não tivesse eu presenciado estes casos. Não querendo cometer o risco de parecer que me estou a contradizer ao achar agora que duas pessoas se possam conhecer por completo, o que quero dizer é que se duas pessoas chegam ao ponto de querer que isso aconteça, e explorarem demasiado a faceta que o prolongado convívio permite criar muito certamente essa insistência, geralmente abusiva, acaba por corroer a relação. Insistência, essa que pode dar-se a conhecer por uma exigência de conhecimento ou informação que uma pessoa pode pensar ter por direito mas não o ter de forma alguma.
Concluo com uma observação: Duas pessoas podem, e devem, relacionar-se, conhecer-se, dar-se uma à outra mas com o cuidado de nunca perder de vista que são duas pessoas distintas e que toda a gente tem o seu direito à individualidade. E às pessoas que geralmente cedem primeiro, falem, conversem, explorem a situação de forma a resolver questões que possam surgir antes de desistir pelo cansaço.
"Como as plantas a amizade não deve ser muito nem pouco regada", Carlos Drummond de Andrade
1 Comments:
Concordo com o que dizes. Muitas vezes pensa-se que se conhece uma pessoa e espera-se certos comportamentos dela e quando ela faz algo diferente do previsto causa admiração pela positiva ou negativa. Nunca se conhece ninguém e, ainda que se possa prever algumas atitudes, pode-se sempre ter uma surpresa. Às vezes pessoas que julgamos boas têm atitudes más que não esperamos e que nos desiludem, outras vezes pessoas que julgamos más ou um pouco piores têm boas atitudes que revelam até algumas qualidades não tão comuns e nos surpreendem pela positiva. Para fazer um pouco de teoria longe de estar fundamentada, penso que a nossa mente é tão complexa e, como prova a ciência dos nossos dias, as ligações entre os neurónios no cerébro são tão numerosas que se torna humanamente impossível conhecer na totalidade a maneira de pensar de um ser humano. Sobre a questão do mistério, é curioso que já ouvi algumas raparigas referirem que gostavam de homens misteriosos e que quando acabava o mistério as coisas deixavam de ter graça. Também penso que a ânsia de querer saber tudo sobre o outro, para além de à partida ser impossível, pode invadir a privacidade do outro e, além disso, penso que toda a gente tem os seus segredos e, possivelmente, alguns até é melhor não os revelar, para não descer na consideração dos outros, o que não beneficiaria ninguém nem quem contava o segredo nem quem o ficava a saber, pois ficaria desiludido.
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