sexta-feira, setembro 15, 2006

Hipocrisia

Desde há uns anos que tenho reparado em certa hipocrisia existente na sociedade e, por vezes, nos momentos de ócio, penso nos seus fundamentos, tendo há um tempo encontrado algumas hipóteses que, ainda assim, não posso dar como certas. Não quero aqui fazer uma grande crítica a todos os hipócritas; há até pequenas hipocrisias ou incoerências que acho irrelevantes. Muitas vezes critica-se a hipocrisia e falsidade da alta sociedade, mas não é dessa que pretendo falar. A hipocrisia que me chama a atenção, se calhar porque é mais comum, é a hipocrisia moralista do dia-a-dia. Na realidade, fazer juízos acerca dos outros é uma tentação e ainda mais quando se tem razão. Por vezes, somos levados a fazer coisas e depois criticados, o que é uma incoerência e, não raras vezes, são as mesmas pessoas que nos encorajam a fazê-las as primeiras a criticá-las; o que não me parece por acidente. A inveja ou outros factores podem levar uma pessoas a desejar o mal da outra e a provocar situações que a façam ter razão para criticar. Um exemplo está relacionado com o mundo da droga, em que as pessoas são conduzidas a esse mundo por outras que lhes relatam os benefícios dela e que dão a aparência de suas amigas, mas posteriormente, após consumirem, são abandonadas, marginalizadas e desconsideradas. No caso, por exemplo, da inveja, ela pode motivar uma hipocrisia oportunista, no sentido da crítica hipócrica a costumes da outra pessoa servir um propósito não só de rebaixamento do outro mas também de afirmação do próprio como pessoa íntegra.
Mas também considero que, noutros casos, talvez a maioria, a hipocrisia deve-se à inconsciência, preconceitos e imagens idealizadas. Muitas vezes parece-me que aquele que critica está sinceramente indignado ou escandalizado, o que, mesmo que a outra pessoa tenha errado, pode não se justificar, por ser uma crítica desproporcionada ou por dizer respeito à vida pessoal do outro. E a explicação que encontro para isto está na inconsciência que se possa ter dos seus próprios erros, pois todos temos telhados de vidro, mesmo que uns tenham mais que outros. Ao fazer uma crítica devemos ser, por isso, prudentes e não nos expormos, desta maneira, a julgamentos de outros como resposta.
Neste julgamentos e críticas que referi não englobo os desabafos, a crítica construtiva, a repreensão.