segunda-feira, agosto 06, 2007

A defesa

"Se o adversário não consegue caminhar na direcção da nossa baliza, isso é um bom trabalho defensivo porque quanto mais ele joga para o lado, melhor podemos roubar-lhe espaço".
Sven-Goran Eriksson
Defender bem não é, na minha opinião, correr com todas as forças que se tem atrás de quem tem a bola. Na verdade, ainda que isto possa resultar com equipas tecnica e fisicamente mais fracas, não resulta com equipas da mesma valia ou superiores. A defender deste modo, o jogador desgasta-se com muita facilidade e, a meio do jogo, já não tem forças para recuperar a posição e recuar para a defesa depois de ser ultrapassado, originando situação de desequilíbrio, em que a equipa que ataca teria vantagem numérica. Poder-se-ia dizer que, se nunca formos ultrapassados, também não se criaria vantagem numérica. Isto não me parece provável, por várias razões: quando a defesa espalha os seus homens pelo campo origina-se mais espaço entre eles, dando hipótese ao avançado de fazer finta larga e reduzindo ao mínimo as hipóteses de a defesa ganhar segundas bolas ou cortá-las na saída da finta do jogador (e não há jogador que não adiante a bola numa finta, nem que seja um pouco); se, por outro lado, a defesa concentra os seus homens junto ao jogador que tem a bola quando esta está a ser jogada longe da baliza, corre o risco de ver a bola colocada nas costas dos defesas (o que constitui um problema também por várias razões: o avançado obviamente tem sempre a iniciativa de correr, desmarcar-se e o defesa de o acompanhar, o que significa que o defesa parte com atraso; o avançado corre de frente para a baliza, enquanto o defesa encontra-se de costas para a baliza, perdendo tempo a virar-se antes de começar a correr atrás do avançado). Por isto, é óbvio que se deve pressionar o adversário (caso contrário nunca perderia a bola), mas apenas nas situações em que isso pode ser vantajoso e não criar com a pressão oportunidades favoráveis ao ataque adversário.
Assim sendo, a equipa que defende deve procurar em primeiro lugar reduzir os espaços e forçar o erro do adversário, jogando sem ganância de ganhar a bola a cada lance. Se o adversário tem a bola no seu meio-campo, isso não constitui problema para a defesa. Se o adversário ultrapassa um defesa ainda no seu meio-campo, gera-se um desequilíbrio. Não se marcam golos antes do meio-campo, portanto que o adversário tenha a bola em sua posse nessa zona do terreno. Deve haver uma correcta ocupação dos espaços. A área que os jogadores de uma equipa ocupam no campo é sempre a mesma, mas não é irrelevante que espaços ocupam: já se disse atrás que é melhor o adversário ter espaço na sua zona de defesa do que na zona de ataque e também é melhor, como Eriksson disse, que o adversário tenha espaço nas linhas do que meio. As razões disto são que, quando se tem a bola no meio, o ângulo é mais aberto, a baliza é maior, enquanto nas linhas o espaço da baliza por onde a bola pode entrar é muito reduzido (e uma equipa com um bom guarda-redes raramente deixa entrar uma bola rematada da linha); mas há ainda outra vantagem de jogar pelo meio: no meio todas as direcções estão disponíveis (o jogador pode dirigir-se ou passar para a frente, para os dois lados, para trás), nas linhas as opções vêem-se reduzidas a praticamente metade e é mais fácil ao defesa encurralar o avançado. Se repararmos as equipas profissionais jogam com 4 jogadores nas faixas e 7 no meio (é quase o dobro!) e isto acontece porque é mais importante resguardar o meio; também é normal vermos os defesas laterais encarando os extremos posicionados de lado, isto acontece quando o defesa quer dar a linha ao avançado, para que este se encaminhe para lá e não para o meio. Contudo, as faixas laterais são úteis: quando o jogo está sobrepovoado no meio, significa que há mais espaço nas alas e, quando a bola se dirige para lá, abre-se espaço de ataque; por outro lado, por haver menos defesas nas alas, um avançado rápido e tecnicista pode vencer mais facilmente a oposição. Assim, a marcação do defesa deve ser feita sempre do lado de dentro (mais próximo de meio), para que a bola não seja colocada no avançado pelo meio (o que lhe possibilitaria correr em frente e encarar os guarda-redes de ângulo aberto). É melhor deixar a bola chegar ao jogador quando este está na linha do que deixá-lo isolar-se; por vezes é útil deixar o adversário jogar e encaminhar o seu jogo para que faça as escolhas que mais nos convêm. Nem sempre é bom ter a ganância de ganhar todas as bolas, já que isto muitas vezes dá ao adversário possibilidade de ficar em vantagem numérica ou de encaminhar-se para a melhor zona do campo. (continua)

1 Comments:

At 6:03 da tarde, Blogger LCN said...

Tens de ressuscitar o blogue, Johnny... lolol
Abraço ;)

 

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